quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

paradigma

jornalismo ou talvez não ! eis a profissão ... sim porque até nisso existem contradições, de um lado os explorados (miseráveis estagiários sugados até ao tutano e muito mal ou não pagos e lançados aos crocodilos como que pedindo que cometam os maiores erros), e, do outro, os principescamente pagos ...

como é duro o dia a dia do jornalista (imprensa escrita, segmento desportivo) ! às segundas, quartas e sextas, utilizamos o critério do mercado e puxamos a brasa à sardinha (qual praça) daquele que vende mais, deixando de fora as notícias mais importantes (exemplo disparatado: é mais importante se o roger fez compras de natal de mão dada com a ex-namorada do airton do que o fcp ter sido campeão do mundo - já sei que foi contra o onze caldas) , e às terças, quintas e sábados (ao domingo sabe deus !), vendemos umas doses de credibilidade e publicamos o que se considera (a cupla reunida dos deuses) serem as notícias mais relevantes ! pois é ... este equilibrio está dar cabo de mim e mais do que isso o poder de usar aleatoriamente um e outro argumento para sacudir a água do capote !

mas mais ... por um lado, ter que preencher espaços com notícias vindas directamente do congelador (repetições ou histórias da carochinha) porque não há notícias (mercado dos diários a quanto obrigas !?), e por outro, e quando há notícias ou motivos de reportagem, não ter espaço para dizer o essencial ou coisas muito importantes, acabando mesmo por dizer (ou não dizer) aquilo que não faz sentido ....

uff ... já estou cansado de trabalhar no fio da navalha, ou se quiserem num equilibrio instável (alguém disse e com muita razão que é necessário existirem desiquilibrios para se poder avançar - então de que é que estamos à espera !), esta profissão faz-me lembrar a "linha mortal" ! (lembram-se da julia roberts)


P.S.: também eu não resisti a fazer-me passar por jornalista ! afinal não somos todos os que escrevemos ... que ingenuidade a minha !